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Tendência pós-pandemia, comprar imóvel na zona rural requer cuidados; entenda

Atenção com a documentação do imóvel é dica para o momento da aquisição, mas também é preciso definir a função que o local terá para escolher a propriedade certa

Possuir uma propriedade rural sempre foi o sonho de muitas famílias brasileiras, e pós-pandemia essa tendência se tornou ainda maior, com aumento significativo de pessoas dispostas a fugir do estresse dos grandes centros. Dados da Datastore, especializada em pesquisas e insights para o setor imobiliário, mostraram que, ao final de 2021, 1,32 milhão de famílias brasileiras com renda superior a R$ 2 mil tinham a intenção de adquirir propriedades na zona rural. O número é 66,9% superior ao apontado em 2020, quando o cenário de pandemia da Covid-19 teve seu ápice.

Mas quem deseja adquirir uma chácara ou um sítio precisa tomar certos cuidados com a documentação na hora da compra e não somente isso. Definir a finalidade do espaço e se certificar dos custos de manutenção também precisam fazer parte do planejamento. É o que explica Georgia Oliveira, CEO do Chaozão, portal especializado em anúncios de propriedades rurais. “A compra de um imóvel rural deve ser sempre guiada pela destinação que se pretende dar a ele. Chácaras e sítios são bastante procurados por pessoas que querem propriedades menores, para destinações como lazer, passar os finais de semana ou pequenas temporadas, reunir os amigos e familiares, e até mesmo como segundas moradias; o que não limita o uso também, para o cultivo de pequenas culturas, tais como hortaliças e frutas, criação de animais como porcos, galinhas, peixes e pequenos rebanhos de vacas leiteiras, por exemplo”.

Não se trata apenas de comprar e pronto. Quem tem uma vida urbana nem sempre sabe diferenciar chácara de sítio e isso é importante na hora de definir o que será feito na área recém adquirida. Chácaras são propriedades rurais pequenas, usadas para produção agrícola e/ou pecuária, em pequena escala e/ou lazer. Nas regiões mais próximas aos grandes centros costuma-se dar essa nomenclatura a terrenos a partir de mil metros quadrados. Mas a área total pode variar até 12 hectares, sendo que cada hectare tem 10 mil m². Os sítios são propriedades rurais intermediárias, maiores que as chácaras e menores do que as fazendas. É uma espécie de mini fazenda com área total entre 12 e 97 hectares.

O primeiro cuidado a se tomar é na hora da compra e tem a ver com a documentação. Certificar-se que ela está regular através de certidões cartoriais, além das certidões do proprietário do imóvel e os devidos cadastros ambientais legais, atestando que o mesmo não possui nenhum impedimento legal para vender o referido. O imóvel em questão precisa possuir registro averbado da Reserva Legal bem como inscrição no CAR (Cadastro Ambiental Rural). E não se deve esquecer de verificar os registros no imóvel no Incra, como ITR (Imposto Territorial Rural) e CCIR (Certificado de Cadastro de Imóvel Rural).

Quanto à propriedade em si, um quesito fundamental a se observar é a água. Ninguém quer uma terra que não tenha água. Assim, a proximidade de cursos d’água é desejável. Não havendo tão perto é importante verificar a situação do lençol freático para abertura de poços. Já os demais itens são relativos e dependem da destinação do imóvel. Por exemplo, se for terra para lazer, a topografia e o tipo de solo não são determinantes; se for para criação de bovinos e demais semoventes, pode ser um terreno com topografia acidentada e solo menos exigente; agora se for lavoura, a área precisa ser mais plana e com solo mais adubado, de acordo com as necessidades de cada cultura.

Claro que além desses cuidados, o comprador também deve checar se realmente tem condições financeiras de honrar a compra e qual utilidade dará ao imóvel, além do planejamento de manutenção diária. No caso de ser uma chácara ou sítio, por exemplo, avaliar se há necessidade de manter um caseiro ou se ele próprio (o futuro dono) fará toda a manutenção diária do imóvel. Aliás, não se trata apenas de ter condições de pagar pela aquisição, mas também de saber se é capaz de arcar com os custos de manutenção. De qualquer forma, o primordial é gostar do meio rural e ter uma noção básica de manejo”.

“O ditado já fala que “fazenda é fazendo”. E isso serve para qualquer propriedade rural, independente do seu tamanho e destinação. A manutenção constante, o zelo e carinho pela terra é que dão “frutos”, sejam eles na rentabilidade de alguma exploração comercial agrícola e/ou pecuária, seja na satisfação em ter um pedacinho de terra e usufruir do lazer e descanso, que só o campo tem”, acrescenta Renata Apolinário, Diretora Operacional do Chaozão.

O dia a dia

Os cuidados básicos compreendem manter as cercas sempre adequadas e funcionais, as áreas próximas da casa sempre limpas para evitar a presença de animais e insetos indesejados, os pontos de água natural sempre acessíveis, árvores próximas da casa e das fiações sempre podadas e as entradas das propriedades sempre fechadas garantindo maior segurança. As outras demandas dependem da utilidade do imóvel. Um sítio que cria vaca leiteira precisa ter pastagem bem formada, cercas adequadas, curral para ordenha, local para manejo das vacas e para armazenamento de ração e, por vezes, a necessidade de um caseiro, pois o cuidado com vacas leiteiras é constante e diário.

“São atividades que o próprio dono pode assumir, se tiver o tempo e o conhecimento necessários. Caso contrário deverá ter um caseiro ou prestador de serviço temporal, para a boa manutenção da propriedade rural. Mas esse é um exemplo para quem deseja produzir algo. Nem sempre a finalidade é esta, certo? Uma chácara pode servir apenas para que o proprietário e sua família tenham um refúgio para descanso e fuga da correria dos centros urbanos. Uma terra para pisar e descarregar as energias, podendo ser uma segunda moradia. Enfim, um local sossegado para receber amigos e familiares. Siga as dicas no momento da compra e tudo sairá conforme o planejado”, diz a Diretora Operacional.

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