Fraudes disfarçadas de inadimplência
Atenção àqueles clientes com débitos em aberto: eles podem ser fraudadores profissionais
Pesquisas recentes apontam que, só no e-commerce, acontecem cerca de 10 tentativas de fraude por segundo no Brasil. E, claro, a vítima mais evidente é o consumidor. Mas é preciso focar também no prejuízo que esse tipo de crime gera para as empresas e para o ecossistema financeiro como um todo. No que tange o roubo de informações pessoais, por exemplo, além de prejudicar o titular dos dados, os fraudadores aplicam golpes de milhares de reais usando identidades falsas, prejudicando todo tipo de comércio. E não apenas em negócios online.
Logicamente, no meio virtual a fraude é mais escalável. Porém, todo negócio que trabalha com crédito, de pagamentos postergados a parcelamentos, tem um risco intrínseco de sofrer com esse tipo de fraudador que se disfarça de inadimplente. Cobrar um débito em atraso é sempre delicado e pode ser parte da política da empresa considerar um prazo de negociação. Mas, para os fraudadores, é um tempo de “fuga”, que serve para apagar seus rastros e deixar a situação irreversível.
Por experiência própria, já vi criminosos chegarem de carro adesivado com o logo de empresas idôneas, uniformizados, para locar equipamentos caríssimos em nome de outra pessoa, usando documentos falsos. Saindo da loja com contrato assinado e primeiro pagamento para dali trinta dias, o fraudador some no mundo com o equipamento. Do outro lado, a empresa, acreditando ter um cliente devedor, trata o valor a receber como inadimplência. Ao demorar para identificar a situação de fraude, o seu prejuízo já pode ter se tornado irrecuperável, tanto em relação à devolução do equipamento alugado quanto à quitação da dívida da locação não paga. E ainda pode haver o constrangimento de processar alguém que nem sabe que o seu CPF ou CNPJ foi usado - muitas vezes, com multa por protesto indevido acompanhando o combo.
E como saber se o que parecia ser um cliente distraído ou com dificuldade de fazer o pagamento, na verdade, é um golpista? Mudanças diversas ou recentes na situação societária do CNPJ, contratação de empréstimo ou registros de compras em segmentos muito diversos podem ser indícios de perigo iminente. Mas, para verificar tudo isso, é conveniente contar com a tecnologia para fazer consultas de score e conferir a veracidade das informações apresentadas.
Algoritmos com alta capacidade de análise deixam o processo de onboarding mais seguro, confiável e até mais ágil. Esse é um ponto de atenção, pois nenhum cliente gosta de cadastros demorados. Seja para pessoa física ou pessoa jurídica, a conferência de dados cadastrais, a consulta do histórico de crédito e, num patamar mais high tech, o reconhecimento da biometria facial são algumas das melhores formas de proteger dos falsos clientes inadimplentes e continuar oferecendo pagamentos a prestação e negociando prazos estendidos. Enfim, dando crédito a quem merece de fato.
*Hederson Albertini é CEO e fundador do birô de crédito Assertiva Soluções