Digitalização de processos no cartório exige "cultura" de gerenciamento de documentos
Uma demanda antiga da população brasileira finalmente foi atendida em junho de 2022
Uma demanda antiga da população brasileira finalmente foi atendida em junho de 2022. A quantidade de papéis e documentos inerentes a diferentes situações que envolvem os cartórios espalhados pelo país, e que já incomodou grande parte das pessoas ao longo do tempo, deve diminuir nos próximos anos.
O Congresso Nacional transformou em lei a Medida Provisória 1085/21, que busca normatizar o Sistema Eletrônico de Registros Públicos (SERP). A ideia, evidentemente, é digitalizar e agilizar vários processos considerados burocráticos. Mas a proposta só terá serventia se houver a criação de uma “cultura” orientada ao gerenciamento digital de documentos.
Segundo o texto encaminhado à sanção da Presidência da República, o SERP deve entrar em vigor até 31 de janeiro de 2023 – ou seja, pouco menos de um semestre. A partir daí, as certidões extraídas pelos cartórios por cópias ou meios eletrônicos não precisarão mais da impressão dos arquivos originais – desde que as versões eletrônicas tenham tecnologia que permita ao usuário identificar sua autenticidade.
É uma necessidade latente, uma vez que a população demanda, cada vez mais, documentos eletrônicos em vez dos arquivos físicos impressos. A pesquisa Cartório em Números 2021, conduzida pela Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg), indica que o portal Registrocivil.org.br emitiu mais de 382 mil certidões em papel entre 2015 e 2020. No mesmo período e plataforma, as certidões eletrônicas ultrapassaram a marca de 842 mil – ou seja, mais do que o dobro.
Os números mostram que há realmente uma forte demanda pela utilização de certidões e documentos oficiais digitalizados – o que justifica a movimentação do poder público em criar as condições para isso. Mas há um ponto importante que não pode ser ignorado: não basta criar uma versão virtual do arquivo físico; é preciso montar uma estrutura capaz de garantir a facilidade esperada com a tecnologia.
Trata-se de um erro comum que muitas organizações ainda cometem. O gerenciamento de documentos não é visto como uma atividade estratégica pelos gestores e profissionais. Assim, não há uma preocupação em criar condições para que as versões digitais possam substituir os arquivos em papel. Isso significa que as próprias organizações colocam a digitalização de certidões em uma posição de coadjuvante – o que faz com que a maioria dos processos exija arquivos físicos.
Para ser bem-sucedida e, principalmente, eficiente, a digitalização de documentos precisa suprir diferentes parâmetros dentro das organizações. O mais importante deles, sem dúvida, é a garantia de eficiência no desempenho e na produtividade dos profissionais envolvidos. Eles não podem perder tempo com procedimentos que envolvem o levantamento e a autenticação de informações. É um esforço que poderia ser dedicado a outras atividades, como atendimento à população.
Outros dois pontos fundamentais na proposta de digitalização de documentos oficiais é a velocidade e acessibilidade. O primeiro tópico é exemplificado pela ideia de desburocratização – afinal, se os documentos já digitalizados, não há por que o trâmite demorar da mesma forma que o em papel. Já a acessibilidade é possibilitada pela computação em nuvem, permitindo que diferentes usuários possam ver e pegar os arquivos.
É por isso que todo processo de digitalização de documentos não pode ser feito sozinho. O ideal é sempre contar com o apoio de ferramentas e empresas que possuem expertise e know-how na área. Dessa forma, é possível encontrar as melhores soluções de acordo com os objetivos e as necessidades de cada área. A digitalização dos processos de cartórios, por exemplo, atende a diferentes funções em relação aos documentos corporativos. Quando se faz esse processo de forma correta e adequada, é possível aumentar a segurança da informação, garantir mais agilidade com boas práticas de indexação e oferecer maior economia.
Como se vê, a redução da burocracia, ainda que seja uma demanda da sociedade, precisa ser pensada e estruturada para alcançar o resultado esperado. Caso contrário, será como trocar seis por meia dúzia, e a lentidão causada pela emissão de certidões em papel dá lugar à dificuldade de acessar suas versões eletrônicas. Quando o digital é pensado de acordo com suas funções dentro de um ambiente que precisa – e almeja – utilizá-lo, ele finalmente pode ser aproveitado em toda a sua plenitude. Os cartórios deram um passo importante nesse sentido com a nova lei – resta saber como irão aplicar isso no futuro.
* Rodrigo Reis é Diretor Comercial e Sócio da Reis Office, especialista em soluções para impressão, digitalização, transmissão e armazenamento de documentos – e-mail: [email protected]
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