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Mudanças urgentes no comando da profissão contábil

Por ocasião da comemoração dos 70 anos dos contadores, participamos de uma série de encontros com os profissionais da Contabilidade para discutir o que foi conquistado ao longo destas sete décadas.

Autor: Salézio DagostimFonte: O Autor

Por ocasião da comemoração dos 70 anos dos contadores, participamos de uma série de encontros com os profissionais da Contabilidade para discutir o que foi conquistado ao longo destas sete décadas.

Infelizmente, o saldo destes encontros não foi positivo, pois o que ouvimos não passou de uma grande queixa generalizada. Segundo os profissionais, não houve conquistas ou ganhos para a profissão. O que conquistamos, em todo este tempo, foi tão somente mais volume de trabalho, sem a remuneração equivalente.

Por outro lado, na contramão do que foi relatado pelos profissionais, para as entidades da classe, vai tudo muito bem com a profissão, seus profissionais são valorizados e estão muito satisfeitos no exercício de suas atividades.

Temos, de um lado, então, os profissionais, se sentindo desvalorizados, estressados com um acúmulo de trabalhos, cuja tendência é crescer mais a cada dia; e, de outro, os dirigentes das entidades contábeis, satisfeitos com a situação da categoria, organizando reuniões e mais reuniões para expor a pujança da profissão.

Para se ter uma ideia, o Conselho Federal de Contabilidade arrecadou dos profissionais, em 2014, a cifra de 54 milhões de reais, ou seja, 4,5 milhões por mês. Segundo o Conselho Federal, em seu relatório anual, a remuneração média de seus funcionários foi de R$ 9,5 mil por mês, para cada funcionário, o que totalizou, no ano, R$ 14,37 milhões, para 125 funcionários.

Os gastos do Conselho, para atingir os objetivos estratégicos no exercício, foram de R$ 45,261 milhões. Deste valor, foram gastos, para atrair e reter talentos, R$ 18,6 milhões; para assegurar infraestrutura adequada e suporte logístico, R$ 8,723 milhões; para fortalecer a participação sociopolítica-institucional perante a sociedade, R$ 2,403 milhões; para atuar como fator de proteção da sociedade, R$ 3,236 milhões; para fortalecer a imagem do sistema CFC/CRC e da profissão perante a sociedade, R$ 1,716 milhões. Cifras milionárias.

Aqui no Rio Grande do Sul, o CRC arrecadou limpo, em 2014, após descontar a parcela do CFC, R$ 14,6 milhões. Desta quantia, R$ 722 mil foram gastos com diárias, alimentação, hospedagens e passagens para os seus conselheiros e colaboradores não funcionários.

E quanto aos resultados disto tudo para a profissão? A entidade, que detêm os e-mails dos profissionais, segue enviando mensagem após mensagem, dizendo que está tudo às mil maravilhas com a profissão e que somos muito valorizados. Mas a reflexão que fazemos aqui é: Quem está sendo valorizado e quem está indo muito bem? Somos nós, os trabalhadores da profissão, ou as entidades e os seus dirigentes? Para quem dirige estas instituições, realmente, vai tudo muito bem; não existe profissão mais valorizada. Agora, para quem paga a conta destas “mordomias”, nós, profissionais contábeis, nada vai bem.

É por tudo isso que temos que repensar a nossa profissão. Precisamos acabar com esta teoria do pensamento homogêneo, que se perpetua, década após década, nos nossos órgãos deliberativos. Para prosperar, uma profissão não pode ter um conselho formado unicamente por pessoas que pensam da mesma maneira. É preciso certa oposição para promover o debate, para arejar a instituição, com ideias e propostas novas.

Salézio Dagostim é contador; pesquisador contábil; professor da Escola Brasileira de Contabilidade (EBRACON); autor de livros de Contabilidade; presidente da Associação de Proteção aos Profissionais Contábeis do Rio Grande do Sul - APROCON CONTÁBIL-RS; fundador e ex-presidente do Sindicato dos Contadores do Estado do Rio Grande do Sul; e sócio do escritório contábil estabelecido em Porto Alegre (RS), Dagostim Contadores Associados, à rua Dr. Barros Cassal, 33, 11º andar - [email protected]

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